sexta-feira, 19 de outubro de 2007

Crônica para o jornal "A Folha" edição nº 229

Nesse início de outubro os meus amigos Juarez Virti e o seu genro Daniel, estavam em estado de puro sorriso. O motivo é que os dois conseguiram vencer a tradicional dupla Preta & Daniel I no tradicional embate de canastra que ocorre na Sede Social do River Plate, até pareciam crianças aguardando com a felicidade no rosto a chegada do dia 12 de outubro.
E por falar em crianças...



Mês de outubro, mês onde comemoramos o dia das crianças. No âmbito comercial, a mídia não nos deixa esquecer, tamanhos os apelos vinculados em suas programações incentivando o consumo. Gostaria de salientar que não sou contra a indústria e o comércio que nessas datas sempre acaba aumentando a sua produção e consequentemente gerando empregos e divisas. O que me consterna é a distorção de valores inseridos em um contexto onde o “ter” é amplamente difundido de maneira paradoxal as necessidades eminentes de nossas crianças.
É ponto passivo que criança gosta de brincar, “mas nem só de brincar viverá a criança”.
No meu entender, criança necessita de educação, saúde, segurança, bons referenciais, vestuário, tempo ao lado de seus pais ou responsáveis, perspectivas de um mundo melhor e outras necessidades de acordo com o seu próprio contexto.
O que infelizmente tenho presenciado em nossa sociedade brasileira, é uma negligenciação dessas necessidades, principalmente por parte de nossos governantes.
A educação pública, por exemplo, que faz parte do universo da maioria das crianças brasileiras, trabalha com déficit de profissionais, precariedade de verbas e total falta de segurança dentro do seu perímetro. Não faltarão aqueles que irão contrapor, o que é saudável dentro de qualquer análise, dizendo que o governo federal, estadual ou municipal tem feito muito, mas o que me refiro é que esse muito ainda é pouco e aquém das condições de divisão do bolo. Afinal se contas com a carga tributária desumana que nos é aplicada, no mínimo daria para tentar melhorar alguns índices, isso que nem me apegarei a outros fatores que indicam que o nosso País não está “tão quebrado assim”.
Não pretendo analisar o mérito de outras necessidades citadas anteriormente no início dessa reflexão, mas que as nossas crianças estão literalmente “pagando o pato” da má gestão pública é notório.
Nesse dia 12 de outubro gostaria de fazer duas coisas: Exercitar o meu lado criança e fazer um pedido especial aos nossos governantes para serem mais dignos e altruístas legislando menos em causa própria e mais para o coletivo. E para os leitores dessa humilde reflexão para que assim como as crianças mantenham a esperança e se mobilizem para que o dia das crianças possa quiçá ser comemorado por todas as crianças de nossa nação e não apenas aquelas que conseguiram fugir das imensas dificuldades que excluem o sorriso, a dignidade ou simplesmente o direito de sonhar.

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